Futebol em tempos de pandemia: Entrevista com João Vitor Augusto, sub-17 do Guarani Futebol Clube

Em tempos de pandemia do Covid-19, o futebol também sofre um duro golpe: treinamentos interrompidos nos clubes, campeonatos suspensos por tempo indeterminado, com o retorno às atividades ainda incertas. Atletas passaram a treinar individualmente, cada um em suas respectivas casas, sob as cartilhas e protocolos da fisiologia e preparação física dos clubes. A segurança, saúde e imunologia dos atletas aos riscos de infecções e contágios tornam-se, a partir de agora, aspecto de fundamental importância e de primeira ordem no futebol.

Na oportunidade, entrevistamos o atleta do Sub-17 do Guarani Futebol Clube, João Vitor Augusto, 17, para entendermos tudo sobre a vida do atleta nesse tempo de incertezas no esporte.

1) Como começou a sua paixão pelo futebol?

R: Minha paixão pelo futebol começou de uma forma muito natural e espontânea pois nunca tive algum jogador antecedente na minha família. Meu pai sempre gostou, mas nunca teve algum vínculo com o esporte e então como geralmente acontece ele me deu uma bola de futebol de presente na infância (por volta dos 4 anos) e daí a paixão começou.

2) Qual o momento vivido por você até os dias de hoje, que você considera como sendo o mais marcante em sua trajetória?

R: Não se trata muito bem de um acontecimento mas sim de um fato; ter jogado pelos dois clubes da minha cidade é uma coisa muito marcante para mim, sendo um deles o Guarani, clube em que jogo hoje.

3) O que você espera que aconteça em sua vida em 2021?

R: Espero que a pandemia se amenize para que finalmente os treinos voltem o mais rápido possível.

4) Como é sua rotina de treinamentos: Detalhe passo a passo como é fundamentada a logística dos mesmos?

R: Em tempos normais eu acordo em torno das 6h00, vou para a escola e estudo até 12h35. Chego em minha casa por volta da 13h00 e tenho de 15/20 minutos para almoçar e me trocar para o treino, após isso peço o carro pelo aplicativo e chego no treinamento em torno das 13:40h. Juntando todas as partes, desde se trocar até ir ao campo e o treino acabar, se vai umas 2h/3h. Peço o aplicativo novamente para voltar à minha casa e ao chegar às 18h/19h utilizo o resto do meu dia para tomar banho, jantar, realizar tarefas escolares e etc.

 

5) Você sente-se preparado para o retorno efetivo das atividades?

R: Sim, desde março do ano passado quando a pandemia começou eu venho me preparando cada dia para os retornos das atividades e espero estar no meu melhor físico possível para que o tempo parado não me prejudique tanto.

6) Qual o maior aprendizado, que você teve perante a esse tempo de incertezas em que estamos vivendo devido a pandemia?

R: Independente da situação devemos confiar naquilo que Deus colocou em nossas mentes e que desde então não ficamos um dia sequer sem pensar nisso, seja no futebol ou fora dele.

7) Conquistar o topo é algo que você acredita conseguir um dia?

R: Na minha opinião cada um pode conquistar o seu topo, sendo assim aquilo que eu espero um dia alcançar, fácil nunca foi, nunca será, mas precisamos correr atrás para o êxito chegar, hoje dias de luta, amanhã, dias de glória.

8) Qual o conselho que daria a um jovem que estivesse a começar agora a sua carreira futebolística?

R: Como tudo nessa vida é difícil, no futebol não é diferente mas se é isso que você tem mais vontade, vai em frente.

9) Qual o seu estilo de jogo?

R: Sou zagueiro e gosto de trabalhar a bola, em todas as circunstâncias visando auxiliar meus parceiros de equipe.

10) O ponto alto num jogador, passará certamente pelo trabalho, pela dedicação e muito também pelo jeito, pela capacidade mágica depois de atuar. Quais são as porcentagens, no teu entender, que definem estes três pontos? O jeito de fazer o futebol, a capacidade e o trabalho.

R: Acho que esses são os três pontos primordiais e estão dividido igualmente na carreira de um atleta, o trabalho que envolverá todo o esforço que nós fazemos, a dedicação que irá nos ajudar passar pelos nossos objetivos diários e no final de tudo isso será refletido na nossa capacidade de atuar em campo.

11)  Quem do cenário esportivo, você considera como referência? Porque?

Qual o principal aprendizado que essa referência lhe transmite?

R: Falando de inspiração em estilo de jogo gosto muito do Sérgio Ramos pela sua habilidade e liderança dentro de campo, considero ele o maior de todos os tempos em minha posição. Já em referência de vida, com toda certeza o Marcus Rashford, jogador do Manchester United. Ele faz tudo aquilo que eu almejo fazer um dia, ajudando e sendo ativo em todas causas sociais, principalmente nessa pandemia que ele chegou a ser condecorado pela rainha ao combater a fome infantil no Reino Unido. A principal referência que ele me traz é que é possível um jogador ter seus compromissos profissionais mas também ser ativo em causas sociais usando o seu dinheiro, visibilidade e etc, um ídolo.

12) Você sabe quais os diferenciais que você precisa para chegar lá? Quais são?

R: Acredito que a parte psicológica é mais importante de todas para conseguir chegar aos nossos objetivos, acho que alinhada com a disciplina é um diferencial enorme para chegar ao topo. A parte física/técnica também não fica de lado e é muito importante para mim.

13) Você entende bem as exigências técnicas, táticas e físicas da sua posição? Dê detalhes do que mais investe nesses aspectos.

R: O físico é um dos aspectos mais importantes para um jogador e então cada dia eu tento melhorar mais ainda essa parte, investindo nos pontos que eu tenho a impressão de mais dificuldade, como explosão e velocidade. A parte tática na minha opinião é a coisa mais bonita do futebol e a partir de quando percebi isso procuro todos os dias evoluir e aprender mais sobre isso, tanto na minha posição quanto em outras, aprendo muito em livros do Guardiola, Klopp, vendo partidas de um modo diferente e de várias outras maneiras.

14) Sobre a vida do atleta, existe mesmo essa facilidade que todos falam sobre a profissão, explique.

R: O que menos existe nessa profissão é facilidade, muitos acham que se resume em carros, mansão e mulheres mas isso é uma parcela muito baixa de todos aqueles que tem o sonho de viver do futebol. É verdade que quando se alcança o topo, é uma profissão muito bem remunerada; mas quem está fora não imagina o quanto o atleta ralou para estar ali.

Ficar longe de família, morar em alojamentos (a maioria precários), sair de casa cedo sem ter certeza de nada e entre vários outros fatores são as maiores dificuldades que nós enfrentamos diariamente.

15) Quais os maiores desafios enfrentados nesse tempo de pandemia?

R: Com certeza o maior desafio é ficar sem fazer aquilo que mais amamos, que é jogar futebol. Principalmente para aqueles que como no meu caso preferem não correr o risco de contaminação da família e está há praticamente um ano sem jogar futebol de qualquer maneira; seja no clube ou jogos clandestinos/paralelos, etc. Ficar longe dos amigos e das pessoas que nós amamos também é um desafio muito grande, já que os treinos aperfeiçoam a parte profissional mas também nos ajuda muito com as brincadeiras diárias entre nós atletas. Além disso nos finais de semana também tínhamos a válvula de escape dos treinos que era sair com os amigos para conversar e se reunir, mas para quem está respeitando o isolamento isso já não é possível mais.

Mas com toda certeza tudo será superado por um bem maior.

Produção: Advaldo Filho

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