Luka Fiore: uma trajetória de fé, resiliência e futebol entre Montes Claros e Portugal
Desde pequeno, a bola sempre esteve ao seu lado. “Desde que nasci a bola já estava comigo”, brinca Luka. Sua iniciação no esporte aconteceu ainda na infância, em escolinhas e clubes de sua cidade. Até os 15 anos, o atacante acumulava experiências locais e participações em peneiras. Mas a virada de chave veio aos 16, quando deixou a casa dos pais para disputar o Campeonato Paulista Sub-17 pelo Primavera, em Indaiatuba. Foi ali que ele teve seu primeiro "choque de realidade". Acostumado a ser visto como craque, encontrou um ambiente competitivo e repleto de jovens talentos, alguns que hoje brilham na elite do futebol mundial, como Rodrygo, Yuri Alberto e Gabriel Martinelli.
Após duas temporadas no futebol paulista, transferiu-se para o Democrata, mas a pandemia de Covid-19 impediu a realização do Campeonato Mineiro naquele ano. Luka seguiu em frente e foi parar no Cascavel CR, onde viveu sua primeira experiência como atleta profissional, treinando tanto no Sub-20 quanto com o elenco principal. Dali, partiu para o Atlético Carazinho, no Rio Grande do Sul, onde disputou o Gauchão Sub-20 e a Copa FGF profissional. Apesar das dificuldades estruturais, ele destaca que o grupo se tornou uma família, superando obstáculos e chegando até o mata-mata da competição, sendo eliminado pelo Internacional. Uma das suas lembranças mais especiais dessa época foi marcar o gol do título em um torneio de pré-temporada contra o maior rival local.
Posteriormente, Luka seguiu para o Rio de Janeiro, onde assinou seu primeiro contrato profissional e marcou seu primeiro gol na carreira, jogando a segunda divisão do estadual. Depois, foi ao Afogados da Ingazeira (PE), disputar a elite do Campeonato Pernambucano. Lá, viveu um dos momentos mais marcantes da carreira. Além da estrutura do clube e da recepção calorosa da torcida, teve a oportunidade de dividir os treinos e partidas com Walter, atacante com passagens por grandes clubes do Brasil e Europa. “Aprendi muito com ele. Um cara humilde, com uma bagagem enorme, que me mostrou como é possível ter sucesso e ainda manter os pés no chão”, conta.
A experiência no futebol nordestino abriu as portas para um novo desafio: o futebol europeu. Luka seguiu para Portugal, onde já vestiu as camisas do SL Nelas e do Mineiro Aljustrelense. Agora, se prepara para iniciar sua terceira temporada no país, com os olhos voltados para voos mais altos.
Apesar de ainda não ter chegado à elite, Luka acredita que sua carreira vem numa crescente. “Mesmo que por clubes menores, disputei competições importantes. E jogar na Europa, mesmo começando por divisões inferiores, é uma grande porta de entrada”, afirma. Seu objetivo profissional é claro: alcançar a primeira divisão de algum país e se consolidar na elite do futebol.
Mas o caminho não foi fácil. Luka carrega na memória os momentos difíceis que viveu em clubes de menor estrutura, especialmente nos alojamentos, com alimentação precária e treinamentos intensos, mesmo em condições adversas. “O maior desafio é estar longe da família, abrir mão da juventude, e seguir em frente mesmo quando tudo parece contra. Mas é esse sofrimento que forja o caráter do atleta”, diz.
Fé e família são os pilares que sustentam sua trajetória. Luka se define como a continuação de um sonho que começou com seu pai, que não teve as mesmas oportunidades. “Deus me mostrou que meu propósito está no futebol. É através dele que quero inspirar pessoas, tocar vidas e mostrar que, com fé, tudo é possível”, afirma. Seus pais sempre foram seu suporte incondicional, e ele carrega a missão de dar um futuro melhor a eles como motivação diária.
Cristiano Ronaldo é sua principal referência dentro do futebol — não apenas pelo talento, mas pela disciplina, dedicação e postura fora de campo. Valores que ele busca aplicar na própria rotina, que começa cedo com treinos específicos no campo ou na academia, seguidos de momentos de estudo e, à noite, treinos com o grupo. “Também estudo vídeos de adversários e de centroavantes de alto nível. O pré-jogo é essencial para estar preparado mentalmente e fisicamente”, explica.
Atuando como centroavante, Luka descreve sua função como muito além de fazer gols. “Hoje, o camisa 9 precisa se movimentar, criar espaços, pressionar zagueiros. É o primeiro homem da marcação quando o time perde a bola. Eu busco contribuir com tudo isso e ainda tenho a vantagem de chutar bem com as duas pernas, o que ajuda muito na definição”, ressalta.
Resiliência é a palavra que ele usa para se definir. Nunca desistiu, mesmo nos momentos mais duros. Com personalidade moldada pelas experiências no futebol e por treinadores marcantes na base, Luka se considera hoje mais atleta do que jogador. “Antes eu achava que talento bastava. Hoje sei que é preciso disciplina, dedicação e foco. Abri mão de muita coisa pra viver esse sonho, e sigo acreditando que posso chegar lá”, afirma.
Daqui a 10 anos, Luka se enxerga na elite do futebol, colhendo os frutos de todo o esforço e, mais do que isso, ajudando outros atletas através de um projeto social. “Quero evitar que outros passem pelas dificuldades que eu enfrentei. Quero usar meu futebol para transformar vidas.”
E, para quem está começando, deixa um conselho valioso: “Busque estar perto de Deus. Descubra seu propósito, não desista, se avalie com sinceridade, treine muito, abra mão do que não soma, e confie no tempo de Deus. Se for pra ser, a sua hora vai chegar.”
Essa é a história de Luka Fiore: de Montes Claros ao futebol europeu, uma trajetória construída com suor, fé e um propósito muito maior do que apenas marcar gols.
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