Futebol em tempos de Pandemia: entrevista com o atleta Gabriel Belchior
Em tempos de pandemia do Covid-19, o futebol também sofre um duro golpe: treinamentos interrompidos nos clubes, campeonatos suspensos por tempo indeterminado, com o retorno às atividades ainda incertas. Atletas passaram a treinar individualmente, cada um em suas respectivas casas, sob as cartilhas e protocolos da fisiologia e preparação física dos clubes. A segurança, saúde e imunologia dos atletas aos riscos de infecções e contágios tornam-se, a partir de agora, aspecto de fundamental importância e de primeira ordem no futebol.
Na oportunidade, entrevistamos o atleta Gabriel Belchior para entendermos tudo sobre a vida do atleta nesse tempo de incertezas no esporte.
1) Como começou a sua paixão
pelo futebol?
R: Meu gosto por futebol começou quando meu pai
me levou para minha primeira escolinha e eu me destaquei. Mas minha paixão por
esse esporte começou mesmo quando comecei a jogar o meu primeiro campeonato
paulista: adrenalina durante o jogo, satisfação de ter feito uma boa partida,
entre outros vibrações que me moviam a querer mais, sentimentos e sensações que
só o futebol poderia proporcionar, que só dentro de campo que poderia os
sentir. O que me fez querer isso para minha vida.
2) Qual o momento vivido por
você até os dias de hoje, que você considera como sendo o mais marcante em sua
trajetória?
R:Todas as minhas experiências foram muito
marcantes, cada uma de uma maneira, mas foram. Todas foram importantes para ser
quem eu sou hoje, como por exemplo: quando morei sozinho com 15 anos em Recife
ou quando me alojei com 16 em Joinville, quando tive minha primeira experiência
internacional na Inglaterra aos 17 e até mesmo aqui e agora em São Paulo, que
está me aproximando mais de Deus e me reaproximando da minha família e amigos.
Agora tirando o extra campo, se tivesse que escolher um momento marcante, acho
que seria o meu primeiro gol no paulista, que aconteceu em um jogo decisivo.
3) O que você espera que
aconteça em sua vida em 2021?
R: Sinceramente não sei o que me aguarda, mas
sei que estou me preparando e me capacitando para o que quer que aconteça,
porque sei que grandes coisas estão por vir. Apenas espero que em 2021, todo o
meu preparo e esforço durante essa pandemia tenham valido a pena, pois o que
acontecer vai ser consequência da minha determinação e foco e, com isso, espero
ter grandes conquistas.
4) Como é sua rotina de
treinamentos: Detalhe passo a passo como é fundamentada a logística dos mesmos?
R: Minha rotina em Cotia, resumida, estava
sendo: trabalhar cedo e treinar na academia no período da manhã, treinar no
clube no período da tarde e à noite, servir na igreja. Infelizmente estou
machucado agora e tive que voltar para minha casa no interior de SP para
tratar, mas não deixei de me cuidar, estou tendo uma alimentação mais focada e
minha rotina está tão intensa quanto quando não estava machucado: acordo 7:00
em Iperó, tomo café da manhã (vitamina, dois pães e uma fruta), pego minha bike
e vou para o centro para pegar o ônibus para Tatuí, onde faço fisioterapia; chegando
lá, faço quase duas horas de tratamento e depois tenho que esperar o próximo
ônibus para minha cidade que sai 13:00 e enquanto isso, aproveito para ler meu
livro ou assistir minha série que é um documentário sobre futebol. Chegando em
casa almoço e já vou pra Boituva de bicicleta (15km) para treinar na academia,
depois volto para casa em Iperó e estudo a noite pela internet (inglês,
espanhol e matemática). Ao longo do dia tomo muita água e meus suplementos.
5) Você sente-se preparado
para o retorno efetivo das atividades?
R: Com certeza! É para isso que estou me preparando
e tenho que acreditar que sou capaz se eu quiser chegar em algum lugar.
6) Qual o maior aprendizado,
que você teve perante a esse tempo de incertezas em que estamos vivendo devido
a pandemia?
R: Meu maior aprendizado de longe foi aprender
a controlar minha ansiedade e ter paciência, saber que tudo acontecerá no tempo
certo se eu fizer as coisas certas e que o foco e a persistência são as chaves
para chegar.
7) Conquistar o topo é algo que você acredita conseguir um
dia?
R: Acredito, é pra isso que estou trabalhando!
As minhas três principais metas e acredito que de um jogador no Brasil que
almeja chegar ao topo também, são: jogar em um grande clube, jogar fora do país
e jogar na seleção.
8) Qual o conselho que daria a
um jovem que estivesse a começar agora a sua carreira futebolística?
R: Muito foco para ter resultado, muita
determinação para não desistir e principalmente paciência, pois hoje vivemos em
um mundo de incertezas. E outra coisa, ninguém pode querer mais que você! Você
tem que lutar pelo seu espaço. Você é o único representante do seu sonho e o
único que pode conquistá-lo.
9) Qual o seu estilo de
jogo?
R: Meu estilo de jogo é a marcação forte!
Armação, saída de jogo e voz para organizar o time nas duas fases do jogo
(defensiva e ofensiva) também são pontos do meu jogo. Minhas principais características
são: o senso forte de marcação, visão do jogo e bola longa.
10) O ponto alto num jogador,
passará certamente pelo trabalho, pela dedicação e muito também pelo jeito,
pela capacidade mágica depois de atuar. Quais são as porcentagens, no teu
entender, que definem estes três pontos? O jeito de fazer o futebol, a
capacidade e o trabalho.
R: Na minha opinião: Futebol 15%, Capacidade
15% e Trabalho 70%.
11) Quem do cenário
esportivo, você considera como referência? Porque? Qual o principal aprendizado
que essa referência lhe transmite?
R: Me espelho em alguns jogadores e pessoas q
me inspiram a ser melhor mas dentro do cenário esportivo, Hernanes é minha
referência dentro e fora de campo. É uma pessoa culta e dedicada não só como
jogador. Não é a toa que o conhecem como Profeta. O principal aprendizado que
eu tive com ele foi começar a praticar atividades do dia a dia com a mão
esquerda, para assim aprimorar a coordenação do lado esquerdo do corpo, o que
me ajudou no desenvolvimento da ambidestralidade do pé e até da mão. Isso sem
contar do exemplo que ele é pra mim como homem que me faz querer buscar cada
vez mais conhecimento. Enfim, me inspiro em muitas pessoas e procuro sempre
aprender, então observo e absorvo o que for melhor e funcione para mim, sem
copiar ninguém, pois cada um tem sua história e estou construindo a minha.
12) Você sabe quais os
diferenciais que você precisa para chegar lá? Quais são?
R: Acredito que os diferenciais que preciso
para chegar onde quero, além do meu futebol e da minha capacidade, são: o foco
para não sair do “caminho” e atingir meus objetivos, a determinação e a
persistência para não desistir e a mentalidade (emocional) boa e forte para
saber lidar com o que acontece.
13) Você entende bem as
exigências técnicas, táticas e físicas da sua posição? Dê detalhes do que mais
investe nesses aspectos.
R: Acredito que com a minha vivência, tenho um
bom entendimento das exigências da minha posição, sei o que devo fazer e busco
sempre a melhora, porque sei que há sempre o que aprender (uma frase que
carrego comigo é a seguinte: “a perfeição é algo que você deve almejar, sabendo
que não vai alcançar”. Sendo mais específico, para a parte técnica, muito
treino com bola para desenvolver, tanto treino individual quanto em grupo;
muito estudo para a parte tática: teoria, assistir e analisar jogos, escutar e
aprender com treinadores e profissionais da área; e para a parte física, treino
todos os dias de forma intensa, inteligente (adequado para minha posição),
regrada e pensada. Treino muita resistência, core e complemento na academia, de
segunda a sexta com muito foco e sem migué (ato de enrolar), sábado (jogo se
tiver) e domingo para recarregar as energias, porque descanso também é treino!
14) Sobre a vida do
atleta, existe mesmo essa facilidade que todos falam sobre a profissão,
explique.
R: Para resumir o que penso sobre isso, depois
de detalhar toda a minha rotina e mostrar que ser jogador e viver dessa
profissão está longe de ser simplesmente só “jogar bola”, vai aquela frase: “se
fosse fácil, milhões jogavam e 11 assistiam”. Com todo respeito, conheço
pessoas da minha área que sonham com isso mas não conseguem (ou não querem) ter
a mesma força de vontade que a minha e o foco para manter. Não quero crédito
por isso, pois sei onde quero chegar e o que deve ser feito, faço de tudo (e
mais um pouco) por mim e sei que todo o meu esforço e trabalho será
recompensado lá na frente e será tão grande que não dará mais para esconder,
ficará visível a todos!
15) Quais os maiores desafios
enfrentados nesse tempo de pandemia?
R: O maior desafio, sem dúvida, está sendo o
fechamento de tudo, o que atrapalha a continuidade dos treinos mas não nos
para! Quem quer dá um jeito e faz acontecer! Em tempos de pandemia, a
persistência, a criatividade para se manter ativo e o foco dobrado são as
chaves para continuarmos no nosso sonho.
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