Futebol em tempos de pandemia: Entrevista com o atleta Victor Souza

Em tempos de pandemia do Covid-19, o futebol também sofre um duro golpe: treinamentos interrompidos nos clubes, campeonatos suspensos por tempo indeterminado, com o retorno às atividades ainda incertas. Atletas passaram a treinar individualmente, cada um em suas respectivas casas, sob as cartilhas e protocolos da fisiologia e preparação física dos clubes. A segurança, saúde e imunologia dos atletas aos riscos de infecções e contágios tornam-se, a partir de agora, aspecto de fundamental importância e de primeira ordem no futebol.

Na oportunidade, entrevistamos o atleta Victor Souza, para entendermos tudo sobre a vida do atleta nesse tempo de incertezas no esporte. 

1) Como começou a sua paixão pelo futebol?

R: Através do meu irmão mais velho eu comecei a me apaixonar pelo futebol. Eu me lembro que ele jogava no São Caetano e eu sempre dizia: “Eu quero ser como ele!” 

2) Qual o momento vivido por você até os dias de hoje, que você considera como sendo o mais marcante em sua trajetória?

R: A minha passagem pelo Mogi Mirim Esporte Clube foi algo muito marcante na minha trajetória. Um clube grande com uma belíssima estrutura, ali fiz grandes amizades e adquiri muita experiência como atleta. 

3) O que você espera que aconteça em sua vida em 2021?

R: Eu acredito que será o ano de novos ares. Aguardo ansiosamente o mês de agosto onde estarei me mudando para o Estados Unidos da América e onde estarei me reintegrando na Juventus Academy Boston. 

4) Como é sua rotina de treinamentos: Detalhe passo a passo como é fundamentada a logística dos mesmos?

R: Em meio a essa pandemia em que estamos vivendo, o centro de treinamento da Next Academy (meu clube atual) está fechado, então estamos tendo um processo de treinamento com todos os cuidados devidos (on-line) com os treinadores da Next Academy. A minha rotina é segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira: treinamentos físicos, força e fundamentos (Next Academy). Terça-feira, quinta-feira e sábado: corro entre 8 quilômetros a 11 quilômetros e faço calistenia. Domingo: descanso. 

5) Você sente-se preparado para o retorno efetivo das atividades?

R: Eu nasci pronto! 

6) Qual o maior aprendizado, que você teve perante a esse tempo de incertezas em que estamos vivendo devido a pandemia?

R: O maior aprendizado tem sido o amar mais, demonstrar mais, mas nunca deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. O agora é um presente, uma dádiva de Deus. Vamos viver, lutar pelos nossos sonhos, sorrir, se alegrar, beijar a mãe e o pai, a vida é um sopro. 

7) Conquistar o topo é algo que você acredita conseguir um dia?

R: Eu acredito alcançar, eu sei que vou alcançar, em nome de Jesus! 

8) Qual o conselho que daria a um jovem que estivesse a começar agora a sua carreira futebolística?

R: Jovem, coloca Deus em todas as suas ações, tenha garra, determinação, foco e esperança. Não se deixe abalar pelas palavras de desmotivação das pessoas, use isso como motivação para chegar no topo. O primeiro a acreditar em você tem que ser você! 

9) Qual o seu estilo de jogo?

R: Eu tenho um estilo de jogo “elegante” segundo as pessoas que me veem jogar (treinadores, companheiros de equipe, amigos). Palavras das pessoas: “Você é um meia armador muito ágil, tem uma qualidade técnica e passes ótimos, dribla bem, tem especialidades em fazer gols fora da área e tem um ótimo chute de esquerda. Sem a bola tem um excelente posicionamento e boa recuperação.”

10) O ponto alto num jogador, passará certamente pelo trabalho, pela dedicação e muito também pelo jeito, pela capacidade mágica depois de atuar. Quais são as porcentagens, no teu entender, que definem estes três pontos? O jeito de fazer o futebol, a capacidade e o trabalho.

R: O jeito de fazer o futebol 20%, capacidade 20% e trabalho 60%. 

11)  Quem do cenário esportivo, você considera como referência? Porque? Qual o principal aprendizado que essa referência lhe transmite?

R: Daniel Alves, porque ele tem uma história de superação. Ele vem de uma família humilde, dormia em um colchão de pedra e acordava todos os dias as 4:00 horas da manhã para ir trabalhar com o seu pai, porém, mesmo assim persistiu e acreditou em seus sonhos! Hoje ele é apenas o maior colecionador de títulos do futebol mundial. 

12) Você sabe quais os diferenciais que você precisa para chegar lá? Quais são?

R: Treino, definição, dedicação, humildade, mentalidade, preparação, disciplina, paciência e fé. 

13) Você entende bem as exigências técnicas, táticas e físicas da sua posição? Dê detalhes do que mais investe nesses aspectos.

R: Esteja em forma: Tenha energia. É importante ser um bom atleta; por isso, é essencial estar em forma para ser um meio-campo. É a posição mais importante do campo. Tenha boas habilidades e técnicas. Pratique suas habilidades: suas perícia com a bola precisa estar acima da média ou ser um exemplo, pois você será a pessoa que ficará com a bola na maior parte do tempo e não pode perdê-la para o outro time. Você precisa saber controlar, passar e receber bem a bola (não apenas com os seus pés, mas, também, com as outras partes do seu corpo). Esteja disposto e capaz de passar a bola. Se você não é bom ao passar a bola, nem tente jogar no meio de campo; pois é lá que a mágica acontece, onde as pessoas com melhores habilidades de passes estão. É muito importante saber como criar mais oportunidades para o seu time fazer gol. É por isso que nós jogadores ofensivos do meio-campo somos chamados de meias armadores. Pratique suas técnicas defensivas e sem a bola. Fique atento a bola e as oportunidades de gol. 

14) Sobre a vida do atleta, existe mesmo essa facilidade que todos falam sobre a profissão, explique.

R: Facilidade? Vida de atleta de futebol não é apenas aquelas fotos com fone de ouvido no Instagram. Por trás de cada atleta de futebol existe uma história, onde enfrentamos muitas das vezes a dor da saudade, ter que largar a família, amigos, namorada para ir atrás de um sonho que “não temos certeza da realização”. Treinos de segunda a sexta e mesmo cansado ter que viajar no sábado para jogar no domingo. E quando jogamos mal? Bate aquela tristeza, uma angústia, muitas das vezes a vontade de desistir, mas nós temos uma família por trás disso, pela qual eles são a razão para sonharmos tanto com isso. Vida de atleta não é fácil! É sofrida, é triste, angustiante, incerta. 

15) Quais os maiores desafios enfrentados nesse tempo de pandemia?

R: Eu acredito que o maior desafio é o tempo. Vida de atleta é uma briga contra o relógio, a ansiedade de vencer logo, mas o obstáculo tem sido essa pandemia que nos impede de treinar com o nosso elenco, de estar disputando campeonatos, etc. O meu maior desafio na realidade foi ter uma mentalidade forte para não desistir.

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Trajetória: Vitor Zatta Krasnhak. atleta de futebol de Curtiba (PR)

Conheça a trajetória futebolística do atleta Robert Berré, de Onda Verde (SP)

Conheça a trajetória de David Oliveira atleta de futebol brasileiro que atua na Alemanha