Futebol em tempos de pandemia: Entrevista com Pedro Monge

Em tempos de pandemia do Covid-19, o futebol também sofre um duro golpe: treinamentos interrompidos nos clubes, campeonatos suspensos por tempo indeterminado, com o retorno às atividades ainda incertas. Atletas passaram a treinar individualmente, cada um em suas respectivas casas, sob as cartilhas e protocolos da fisiologia e preparação física dos clubes. A segurança, saúde e imunologia dos atletas aos riscos de infecções e contágios tornam-se, a partir de agora, aspecto de fundamental importância e de primeira ordem no futebol.

Na oportunidade, entrevistamos o atleta Pedro Monge, para entendermos tudo sobre a vida do atleta nesse tempo de incertezas no esporte. 

1) Como começou a sua paixão pelo futebol?

R: Bom, para falar a verdade não me lembro de um começo dessa paixão, acho que esse sentimento que carrego pelo futebol nascemos com ele, não tem início e nem fim. Jogava bola com meu primo e com amigos na rua, mas não me lembro de alguém que me ensinou a gostar do futebol, eu simplesmente nasci apaixonado. 

2) Qual o momento vivido por você até os dias de hoje, que você considera como sendo o mais marcante em sua trajetória?

R: Com toda certeza foi a minha participação no Bravo Reality, um momento único que jamais vou esquecer. Trabalhar recebendo instruções e orientações de profissionais credenciados pela UEFA, poder conviver, escutar e aprender com campeões do mundo e ídolos, foi algo que marcou demais minha carreira. 

3) O que você espera que aconteça em sua vida em 2021?

R: Essa é uma pergunta muito difícil para minha vida, porque falando como atleta, quero estar em um clube, voltar a rotina de treinamentos e jogos, ter uma oportunidade de viver tudo isso novamente e ter uma oportunidade de viver fazendo o que amo. Entretanto, não posso deixar de falar dos momentos de dificuldades em que estamos vivendo, dá um ar de hipocrisia pensar somente no meu sonho com tantas famílias sofrendo da forma que vem acontecendo, e soa ingratidão também pois o Senhor sempre concedeu saúde para mim e a minha família.

4) Como é sua rotina de treinamentos: Detalhe passo a passo como é fundamentada a logística dos mesmos?

R: No início da pandemia fazia algumas corridas, geralmente 3 vezes por semana, variando de 6 a 8 km, com todas as restrições e cuidados comecei a fazer alguns trabalhos em campo com um grande profissional e parceiro que vem me ajudando muito nesse momento, Matheus Henrique, eram exercícios cognitivos + tiros de média distância  (8 - 12m), treino de velocidade de reação

Circuitos de mudança de direção objetivando agilidade.

Realizamos Teste T, como parâmetro.

Trabalhos de Pliometria (saltos), sobre cones e barreiras, para potência.

Já nos treinos com bola, trabalhamos passes com precisão utilizando mini gols. Alguns exercícios de técnica para pivô.

Poucas finalizações, devido ao tempo que ficamos paralisados no início da pandemia. (risco de lesão)

Seguindo as normas e diretrizes da minha cidade retornei a academia algum tempo depois, indo no mínimo 5 vezes por semana.

5) Você sente-se preparado para o retorno efetivo das atividades?

R: Não vejo a hora para retornar. Vivendo em um mundo com momentos de incertezas, a única certeza que tenho é a minha vontade de retornar a fazer o que mais amo. 

6) Qual o maior aprendizado, que você teve perante a esse tempo de incertezas em que estamos vivendo devido a pandemia?

R: Sem sombras de duvidas moldou meu conceito de humildade, porque não importa o que você já fez, aonde você já passou, aonde você estar, a vida é uma roda gigante e estamos sujeitos a mudanças a todos os momentos. Independentemente de quem você seja, sempre tenha a humildade de recomeçar do zero, sai do melhor momento da minha vida como atleta para os momentos mais difíceis até aqui da minha trajetória, isso em menos de um ano. Passei por momentos de insegurança onde não achava forças para continuar acreditando no sonho, comecei a trabalhar para ajudar em casa e não me sentia feliz mais, nem mesmo dentro de campo. Graças a Deus tenho amigos que quando nem eu mesmo acreditava em mim, eles sim acreditavam, agradecer meus pais e minha psicóloga que foram essências para mim nesse momento, e não me deixaram parar de acreditar. 

7) Conquistar o topo é algo que você acredita conseguir um dia?

R: Com certeza! Enquanto esse sonho estiver vivo dentro de mim sempre vou almejar o topo. Porém uma vez escutei uma frase na palestra do ex-atleta Belletti, multicampeão, que no futebol a gente mais perde do que ganha, é isso é uma pura verdade, cabe a nós determinar qual o nosso “topo”, hoje meu maior objetivo é ver minha família e as pessoas que estão comigo bem. 

8) Qual o conselho que daria a um jovem que estivesse a começar agora a sua carreira futebolística?

R: Treine, tenha fé e aproveite cada momento, o futebol é lindo e nos proporciona emoções únicas. Treine mesmo que ninguém esteja vendo, tudo que você planta você colhe, tenha fé porque você irá passar por momentos de incertezas e desânimo e o único para te dar a mão nessas horas é papai do céu, e aproveite cada momento e oportunidades que o futebol te proporcionar, sendo feliz, tudo passa tão rápido. 

9) Qual o seu estilo de jogo?

R: Um futebol mais alegre e solto, tento ser inteligente ao máximo para sempre tomar as decisões certas na hora certa.

10) O ponto alto num jogador, passará certamente pelo trabalho, pela dedicação e muito também pelo jeito, pela capacidade mágica depois de atuar. Quais são as porcentagens, no teu entender, que definem estes três pontos? O jeito de fazer o futebol, a capacidade e o trabalho.

R: Acho os três pontos muito importantes, mas acredito que o trabalho tem uma importância maior, com trabalho você chega ao objetivo. Mas claro, os outros dois pontos não deixam de ser menos importantes, os três pontos tem sempre que andar juntos. 

11)  Quem do cenário esportivo, você considera como referência? Porque? Qual o principal aprendizado que essa referência lhe transmite?

R: Não tem como responder essa pergunta não falando dos melhores, Messi, Cristiano Ronaldo, referências brasileiras como Neymar, Richarlisson, são pessoas que todos que vivem nesse meio do futebol admiram e se inspiram, mas tem um cara que tive a oportunidade de ver e aprender um pouquinho de perto que foi o ex-atleta Zé Roberto, exemplo de atleta, que mesmo aposentado continua focado e trabalhando para evoluir.

12) Você sabe quais os diferenciais que você precisa para chegar lá? Quais são?

R: Talento, foco, trabalho e paciência. 

13) Você entende bem as exigências técnicas, táticas e físicas da sua posição? Dê detalhes do que mais investe nesses aspectos.

R: Sim, minha posição atualmente exige bastante da parte física por conta da maioria dos esquemas táticos dos treinadores, mas saber se posicionar bem é fundamental e faz total diferença dentro de campo.

14) Sobre a vida do atleta, existe mesmo essa facilidade que todos falam sobre a profissão, explique.

R: “Fácil” quando se fala de jogadores de grandes clubes, que recebem em dia, que tem casa e carro de luxo. Mas o processo é muito difícil, você vivi um mundo de incertezas, de ilusões e desilusões, na maioria das vezes sai de casa muito cedo, perde momentos com a família, momentos com os amigos. Ficar anos se dedicando a isso mesmo sem nenhuma certeza, passa pela cabeça em desistir a todo momento. Mas é o sonho, é o preço a ser pago, esse é o processo, que apesar de todas a dificuldades, ele é essencial, e se Deus quiser vai ter valido a pena.

15) Quais os maiores desafios enfrentados nesse tempo de pandemia?

R: Se manter focado, manter a cabeça no lugar, não desistir. Minha cidade passa por um momento de lockdown, então academias, quadras e campos estão todos fechados, isso te limita de algum forma, mas o importante é não se deixar cair na zona de conforto e no desânimo. Acho que sou privilegiado por Deus colocar as pessoas certas em minha vida no momento certo, estamos passando por uma fase muito difícil e vivi dias que me vi no fundo do poço, sem nenhuma perspectiva, “somente” minha fé e devo toda gratidão a minha psicóloga, Wanessa, que vêm me ajudando durante todo esse processo de isolamento, nunca me deixando desanimar, sempre me apoiando em todas as áreas da minha vida e não me deixando desistir do sonho, me fazendo crer que quando toda essa fase ruim passar, a oportunidade surgirá, e ela vai surgir, porque tenho certeza que Deus tem cuidado de tudo.

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